Falando sinceramente, eu estava decidido a escrever sobre o show de lançamento do álbum Realidade Paralela assim que chegasse em casa ontem. Mas não deu. Só agora consigo racionalizar um pouco as emoções que senti antes, durante e depois da apresentação do quarteto formado por Vanessa Longoni, Luke Faro, Angelo Primon e Marcelo Corsetti.
Com certeza a felicidade e o prazer que tive em assisti-los não foram apenas sentidos por mim, mas também devem ter inebriado todas as pessoas que presenciaram a qualidade musical, a parceria, a afinidade e a alegria conjunta dos 4 amigos músicos.
Ontem à noite a temperatura estava agradável, o Teatro do CIEE sempre é muito aconchegante, o público parecia especialmente interessado no show e o cenário estava muito bonito (reproduzindo a sala de uma casa, aos moldes do clipe da banda). Mas tudo isso apequenou-se frente àquilo que importava verdadeiramente: os músicos arrebentaram no palco, tocaram muito, demonstraram o gosto e o prazer que sentiam em fazer aquelas músicas e compartilhá-las com o público.
Além das 9 faixas que constam no álbum, o grupo apresentou versões de canções como A ilusão da casa (Vitor Ramil), O vento (Dorival Caymmi) e Tchori tchori (Índios Jaboti/Rondônia), demonstrando a versatilidade desta realidade paralela que completa um ano de vida.
O show iniciou com o mantra indiano Gaja Vadana, primeiro tema do álbum, e nesta música a guitarra de Marcelo Corsetti parecia ecoar algo de verdadeiramente sobrenatural, tanto que contagia sua sonoridade. Em A ilusão da casa, a combinação entre a guitarra e o violão deu uma cadência toda especial para a canção e na clássica O vento, o violonista Angelo Primon demonstrou seu virtuosismo, alçando o arranjo que apresentaram desta música a um dos melhores já feitos sobre ela, na minha leiga opinião. No vídeo abaixo a canção interpretada pelo grupo no Teatro de Arena:
Arrastão (Edu Lobo/Vinicius de Moraes), Luz da nobreza (Pedro Luis/Zé Renato, presente também no bis), Gírias do norte (Jacinto Silva/Onildo Almeida), Atirador (Lula Queiroga) e Canário do Reino (Carvalho/Zappata) demonstraram a força das interpretações de Vanessa Longoni e o efeito mágico da interpretação sincronizada de todos os músicos. Vanessa ainda mostrou a versatilidade da sua voz em canções diferentes como Aquarius (Rado/Ragni McDermont), Perfume, pente, pensamento (parceria sua com Richard Serraria) e Tchori tchori. All because of you (U2) foi apenas um dos inúmeros exemplos da percussão sempre excepcional e talentosa de Luke Faro.
Além de tudo isso, dois outros elementos qualificaram ainda mais o espetáculo: a fala de cada um dos quatro integrantes, demonstrando a emoção e a dedicação de cada um ao projeto, e a participação especial da cantora e compositora espanhola Queyi, a qual apresentou dois temas do seu álbum Nada como un pez (2007), entre elas Ruido. Assim, o intercâmbio musical que é evidente na escolha do repertório e dos arranjos do Realidade Paralela, fez-se presente fisicamente no show através da performance talentosa de Queyi.
Agora, o quarteto Longoni/Faro/Primon/Corsetti apresenta-se no Rio de Janeiro no domingo dia 8 de novembro, no SESC Jacarepaguá, e com certeza irá mostrar outra realidade musical aos cariocas, realidade esta que poderia até deixar de ser paralela e, dada a emoção e alegria contida nela, fazer parte do nosso cotidiano sempre. Mas isso pode acontecer de certa forma, pois o álbum está aí para isso e logo logo eles retornam para abrilhantar novamente os palcos do Rio Grande do Sul.
Para fechar esse post que é também como um agradecimento a esses músicos que tanto me alegram, um vídeo da interpretação fantástica deles de Gaja Vadana, precedida pelo Trenzinho Caipira (Villa-Lobos) lá no Multipalco do Theatro São Pedro. Aproveitem, enquanto coloco o álbum a rodar mais uma vez!
Saudações musicais!
novembro 7, 2009 at 4:27 am
Ícaro!Com certeza nós é que agradecemos! Lembra quando na minha fala exprimi um sentido de cumplicidade musical? Os vários paralelismos entre os músicos e fundamentalmente a relação do palco com a platéia?
Pois é, assim sentimos, assim vivemos aquela memorável noite!Muito obrigado por tua sensibilidade e, podes estar certo, estaremos sempre buscando tocar com os corações abertos para facilitar ainda mais esta cumplicidade! Abraço!