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Nelson Coelho de Castro

JUNTOS 30 ANOS

Em 2011, completaram-se 30 anos do lançamento do LP Juntos, do cantor e compositor Nelson Coelho de Castro, um dos mais importantes álbuns da música popular do Rio Grande do Sul. Continuar lendo “JUNTOS 30 ANOS”

LUA CAIADA

No domingo do dia 25 de julho, tive o prazer e a honra de assistir o show inédito do cantor e compositor Nelson Coelho de Castro com a Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro, em uma das edições dos já tradicionais Concertos CEEE.

No repertório, canções do mais recente álbum de Nelson, o excelente Lua Caiada, além de outras músicas da extensa e importante carreira do artista, com arranjos divididos entre Vagner Cunha, Pedrinho Figueiredo, Iuri Corrêa e Rodrigo Bustamante.

O show foi marcado pela emoção de seu ineditismo, que ficou evidente já na abertura com a execução pela orquestra de uma linda composição instrumental de Nelson.

Mas nestes comentários de hoje, minha atenção é dedicada especialmente ao álbum Lua Caiada, que reúne 17 temas inéditos (14 músicas e 3 vinhetas), todos compostos por Nelson, que estabeleceu parcerias apenas em dois: Ágora (com Antonio Villeroy) e Teu Segredo (com Bebeto Alves).

Neste sexto álbum da carreira do artista, a musicalidade brasileira dos sambas, choros e valsas ganhou uma beleza impressionante, lapidada pelos ótimos arranjos e pela interpretação elegante do cantor. Músicas como Menino não sobe a rua, Samba machucado, Lua Caiada, Apela e Esse amor exalam o lirismo comovente do qual Nelson sempre se mostrou portador.

Mas uma parte da boniteza do álbum é fruto das ótimas parcerias, entre elas: Giovani Berti e Fernando do Ó (percussão), Mario Carvalho (baixo), Michel Dorfman (piano), Edilson Ávila (guitarra e violão), Pedrinho Franco (bandolim, cavaquinho e 7 cordas), João Carlos Charão (trombone), Luizinho Santos (flauta e sax), ALexandre Rosa (clarinete) e das participações especiais de Monica Tomasi (vocal em Apela), Gustavo Finkler (viola), Renata Mattar (acordeon), Luizinho Correa (acordeon), além do coro coletivo na faixa Noite Vazou Encantada: Bebeto Alves, Bibiana Morena, Gelson Oliveira, Juliano Barreto, Leonardo Ribeiro, Marcelo Delacroix, Marisa Rotenberg, Monica Tomasi, Raul Ellwanger e Suzana Castro e Souza.

Financiado pelo programa Petrobrás Cultural, Lua Caiada teve produção artística do próprio Nelson e produção executiva de Márcio Gobatto e seu show de lançamento já foi apresentado em Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Para uma prova do disco, vejam o vídeo abaixo com um trecho da música Menino não sobe a rua e leiam o belíssimo texto de Nelson disponiblizado no Overmundo.

Saudações musicais!

VERSÕES ESPARSAS 9

No dia 7 de maio, o grande cantor e compositor gaúcho Nelson Coelho de Castro lança seu sexto álbum solo, intitulado Lua Caiada. O show acontece no Auditório da Reitoria da UFRGS, às 21h, com preço único de R$10,00.

Para não deixar passar em branco esse aguardado momento, já que o último álbum do compositor, Da Pessoa, é de 2001, a nona edição do Versões Esparsas traz um vídeo com Nelson em 1986 divulgando seu show A Carne no Jornal do Almoço da RBS TV. O vídeo faz parte do precioso acervo do jornalista Emílio Pacheco, que tem um ótimo blog AQUI e que possui no seu canal do YouTube outras raridades.

Confiram, portanto, a entrevista de Nelson e compareçam no lançamento de Lua Caiada, um álbum que já é motivo de muitos elogios da crítica.

Saudações musicais!

PARALELO 30

Em tempos de Semana Farroupilha e da execução das músicas que tematizam a “vida do gaúcho”, publico um post sobre um “outro lado” da música feita no Rio Grande do Sul, lado aliás que agrada mais aos meus ouvidos e ao meu vínculo com a cultura do estado.

Com certeza, um dos momentos mais importantes da música popular urbana no Rio Grande do Sul em geral, e em Porto Alegre em particular, foi o lançamento do LP Paralelo 30 em 1978.

Numa época em que o lançamento de um disco era, se não raro, pelo menos muito difícil (o primeiro LP solo independente foi o Juntos do Nelson Coelho de Castro em 1981), a iniciativa da extinta ISAEC e de seus membros, como Geraldo Flach, e do produtor Juarez Fonseca, de congregar alguns dos principais artistas da época num LP (com duas músicas de cada) foi fundamental para a divulgação da música popular feita em Porto Alegre e atestar a qualidade e originalidade da mesma.

No álbum estão presentes Bebeto Alves, Nelson Coelho de Castro, Cláudio Vera Cruz, Raul Ellwanger, Carlinhos Hartlieb e Nando D’Ávila.

Paralelo 30 (1978)
              Paralelo 30 (1978)

Abaixo reproduzo o texto do encarte do LP escrito por Juarez Fonseca (retirado do endereço eletrônico: http://www.gazeta4distrito.com.br/2009/06/fatos-da-cidade-por-paulo-pruss-2/). Já que o texto apresenta uma análise das músicas muito melhor do que  eu poderia fazer.

“Da série de antologias de novos contistas e poetas, surgidas no Rio Grande do Sul nos últimos tempos, me surgiu a idéia de propor à ISAEC a gravação de uma “antologia” de compositores, mostrando um trabalho feito agora. A sugestão foi feita em dezembro de 1977; em fevereiro começamos a gravar com Carlinhos Hartlieb, Raul Ellwanger, Nando D’Ávila, Nelson Coelho de Castro, Bebeto Nunes Alves e Cláudio Vera Cruz. Os nomes poderiam ser ampliados, poderiam ser dez ou doze, cada um com uma faixa. Mas achei que seria mais interessante escolher seis e dar a cada um a oportunidade de mostrar pelo menos dois tempos de sua criação. Então, evidentemente, a escolha tem um certo caráter subjetivo. Paralelo 30 me parece que mostra um novo início de trabalho, mesmo que alguns de seus integrantes tenham já cerca de anos de vida ligada à música. É o caso de Raul, Carlinhos, de Cláudio. Nando, Bebeto e Nelson são da segunda metade dos anos 70 mesmo. Paralelo 30 é um disco gaúcho, mas não é um disco gauchista. Ele mostra tendências que coexistem aqui, em Porto Alegre, e que são resultado de muitas influências, inclusive a recente influência da consciência da terra, do que se vê e faz no lugar. Desde uma nova-milonga como Que se passa? Onde Bebeto fala da fronteira de Uruguaiana, sua terra natal, até o samba-choro Te Procuro Lá, que Raul compôs com Ferreia Gular em Buenos Aires. Desde a “invenção” de Nelson Coelho de Castro falando da sujeira Urbana, até o quase-baião Como Relâmpago no Céu, de Nando. Desde a latina Maria da Paz, de Carlinhos, até as canções pop-rurais do citadino Cláudio. Ao mesmo tempo, Raul tem uma música pampeana. Fronteiras; ao mesmo tempo Bebeto tem uma quase-tango, De Banquetes e Jantares. E assim por diante. Mas isso é apenas um trecho, um pedaço do trabalho deles. São as primeiras coisas que eles podem mostrar ao nível de uma gravação profissional (mesmo que, como eu disse, três deles tenham mais de dez anos de trabalho). Então, se pode dizer que Paralelo 30 é um disco de estréias. Um disco ao mesmo tempo sujo e limpo, como sujas e limpas são as coisas verdadeiras. Mas não pretende representar nada, em termos de Rio Grande do Sul – aqui há muita coisa entocada, por ser descoberta, ao lado de coisas que só não foram descobertas por acidente geográfico: não somos Rio ou São Paulo. Paralelo 30 representa uma parte do trabalho de seis autores. Apenas uma antologia. Mas uma primeira antologia. Neste texto procurei não me queixar pelos músicos, pois hoje penso que as dificuldades que todos enfrentaram são apenas pedras no caminho. E as pedras no caminho, mais cedo ou mais tarde, ficam para trás (Ah!: o nome Paralelo 30 é idéia de Geraldo Flach)”.

Atualmente, Bebeto Alves e Nelson Coelho de Castro são os mais conhecidos dos músicos do LP que continuaram em atividade. Mesmo assim, Raul Ellwanger e Claúdio Vera Cruz merecem muito mais reconhecimento do que têm. Já Carlinhos (cujo post que escrevi sobre ele está AQUI) e Nando, infelizmente faleceram, respectivamente, em 1983 e 1999.

Em 2001, um projeto intitulado Paraleo 30: Ontem e Hoje (com arranjos da Orquestra da Unisinos e do maestro Vagner Cunha no disco 2 e remasterização de Renato Alscher no  disco 1) relançou em cd a coletânea original e mais um disco com regravações de 6 composições do LP original e mais 6 composições inéditas, com as músicas de Carlinhos e Nando sendo interpretadas respectivamente por Gelson Oliveira e Zé Caradípia. Gelson Oliveira inclusive venceu o Prêmio Açorianos de melhor intérprete de MPB pelas músicas Maria da Paz e Manhã (Nei Duclós/Carlinhos Hartlieb).

Aproveitem, portanto, uma das origens daquilo que há de melhor na música gaúcha de todos os tempos e escutem o disco inteiro no vídeo abaixo.

Saudações musicais!

QUANDO AS MÚSICAS NOS REVISITAM

É incrível como as coisas acontecem. Em certas épocas a gente escuta um artista até enjoar ou até encontrar outro que também ficaremos escutando de forma ininterrupta. O curioso é que, em diversos momentos, as músicas que ouvíamos tanto não são mais revisitadas e praticamente deixamos elas lá, bem escondidas na memória, num cd perdido ou, mais atualmente, numa pasta de mp3 diluída nos inúmeros gigabytes de memória do computador.

Mas muito bacana é quando, depois de muito tempo, voltamos a escutar as músicas que “nos fizeram a cabeça” em outras épocas e (re)descobrimos que elas são realmente muito boas.

Fui acometido por essa divagação quando soube do show da Monica Tomasi aqui em Porto Alegre (que infelizmente não pude ir). Em 2007, em Santa Maria, assisti ao show do seu último álbum, Quando os versos me visitam (2006), e, gostando muito da artista, ouvi sem parar o álbum citado e também o lançado por Monica em 2003, intitulado Idéias contemporâneas sobre o amor.

Idéias contemporâneas sobre o amor (2003)
Idéias contemporâneas sobre o amor (2003)

Para mim são dois álbuns que facilmente integram minha lista, escassa diga-se de passagem, de bons álbuns de música pop brasileira feitos na última década.

As melodias são muito bem construídas e as letras das músicas demonstram uma riqueza raramente encontrada no estilo. Principalmente tematizando as relações amorosas no mundo contemporâneo, as letras são de uma sensibilidade e atualidade ímpares (algumas em parceria com Fernanda Young). Assim, quando letra e sonoridade te conquistam é difícil escapar da admiração imediata.

Quando os versos me visitam (2006)
Quando os versos me visitam (2006)

Monica lançou em 1990 seu primeiro álbum, Eu Fórica e depois rumou para São Paulo, onde em 1995 lançou o álbum 1, do qual a música Breve estação, incluída também no cd Idéias contemporâneas… fez parte de uma coletânea da qual participaram nomes como Ná Ozzetti e Chico César.

Mas foi realmente nos dois últimos álbuns que Tomasi demonstrou todo o refinamento de sua música, reconhecido por diversos artistas, desde o Cidadão Quem que gravou a canção Bossa, até Nelson Coelho de Castro e o percussionista Giovani Berti que fizeram parceria com a cantora em diversos shows. No último álbum, fizeram participações especiais Marcelo Jeneci (hoje da banda de Arnaldo Antunes)  e o já citado neste blog Angelo Primon.

Abaixo posto 3 vídeos: um da música Quando os versos me visitam, outro do Cidadão Quem interpretando Bossa e o último numa música em parceria com Nelson. Para conferir uma canção do álbum de 2003 veja o post abaixo.

Saudações musicais!

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